quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tempus volat!

NOSSO RITMO DE PERCEBER A VIDA MUDOU

Almir Rafael de Arruda - 5 de julho de 2009

Dizem que o tempo anda passando muito rápido. Tenho a mesma impressão. Mas por que esta sensação de que “já estamos no meio do ano”?

Alguns tentam explicar. Uns dizem que é o universo que está em aceleração, teoria meio complicada para se entender, mas plausível. Outros dizem que é porque fazemos muitas coisas ao mesmo tempo, muito mais que no passado onde só alguns tinham telefones e nem todas as famílias tinham carro. Pessoas, produtos, idéias e informações circulam atualmente muito mais rápido que antes, isto é inegável.

Há os que dizem que é o nosso ritmo interno que apressa tudo, o de querer que chegue logo o fim de semana, que chegue logo o período de férias, que chegue logo o fim de ano, que chegue logo o Carnaval, etc. dizem que assim, apressamos mentalmente e em conjunto as coisas. Nossa percepção seria então ditada pelo nosso estado interior.

Verdade que hoje a programação da televisão – aparelho onipresente em todas as casas, ditando valores, diversão e informação – é muito mais dinâmica do que a programação dos anos 80. Basta assistirmos a um seriado da década de 60, 70, começo dos anos 80, que logo constatamos que são “lentos e chatos” para os padrões de hoje. Atualmente os seriados são bem mais violentos, explícitos, com cenas rápidas e afiadas. Os vídeos-clipe pulam de uma imagem para outra a cada segundo, observe! É um bombardeio rico de imagens! As músicas se despejam nas rádios aos milhares. Antigamente havia uma parada musical de variação mais lenta. Dava tempo de se absorver e de se enjoar da música. Hoje, mudam-se os ritmos, as músicas, os grupos e cantores muito rapidamente. No passado, não muito remoto, pontuávamos os acontecimentos pelas músicas, hoje não sei como isso é feito.

Vamos falar de passeio. Quando era pequeno, minha mãe anunciava o dia que iríamos à cidade, “na quarta-feira da semana que vem”, e esperávamos, às vezes demorava tanto que até esquecíamos da data! O ano escolar demorava para passar, o natal parecia que nunca mais chegaria, ficava tão longe lá no final do ano... Hoje vamos ao centro da cidade 3 vezes ao dia, conversamos com todos em qualquer lugar, pelos nossos celulares, enviamos mensagens sms – algo muito prático, por sinal, quando não se está a fim de conversar com a pessoa. E com o celular pode-se jogar games, tirar fotos, fazer vídeos. Aliás, nem a saudade de pessoas distantes existe mais, pois podemos vê-las pelas nossas webcams, conversar por skype e msn, colocar as fotos do passeio da tarde logo de noite para a família toda ver no orkut.

É o mundo está mais rápido mesmo e até para viajar a coisa mudou. Na década de 80 com a inflação comendo solta e o dólar em valores estratosféricos, as passagens custavam fortunas. Somente os ricos viajavam para a Europa e o nordeste era mal conhecido das agências de viagens. Aliás turismo não era visto como indústria e o país era pobre mesmo. Hoje com 3 salários mínimos facilmente compra-se uma passagem para Paris, é só garimpar na internet.

Internet, eis a grande descoberta. Já que estamos falando de rapidez, a internet vem bem a calhar, como queremos nossa conexão banda larga? Rápida, muito rápida. E a memória RAM do computador? Rapidíssima! Não falamos mais em megabytes, agora tudo é giga! Jornais do mundo a um clique de distância, rádios de todos os cantos nas pontas do dedo. O Google nos traz informações, imagens, tradutores e mapas. Falando em mapas, este visualizador de ruas em 360° do Google é demais. Pode-se passar a tarde toda passeando pelas ruas de uma cidade americana, ou mesmo européia já que o projeto está em expansão mundial e a todos interessa! Imagino quando o mundo todo estiver fotografado por cima e por baixo. Logo, logo!

Isso é algo que podemos chamar de expansão da consciência através da tecnologia? Sim, é! As novas gerações estão acostumadas com esse ritmo, com essa tecnologia e vão certamente preparar mais tecnologia para as próximas gerações. Como há 30 anos nem imaginávamos que viveríamos com tudo isso que temos em nossa volta, com palavras e produtos nunca antes nomeados, daqui a 30 anos também, com expectativa de vida mais longa, ainda veremos coisas que nem imaginamos o que serão e como se chamarão. O futuro é um horizonte interessante e se continuarmos com o desenvolvimento de nossa responsabilidade ecológica, poderemos até ter uma sociedade mais responsável, vivendo num mundo mais próximo daquilo que definimos como justo. Nossas referências estão realmente mudando... e rápido!

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